Motivadas pela falta do produto no mercado, 3 estudantes gaúchas criaram calcinhas menstruais sustentáveis.
Raíssa Kist, de 23 anos, Nicole Zagonel e Francieli Bittencourt, de 25, são alunas de engenharia química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS.
Pra começar o negócio elas usaram um financiamento coletivo no final de 2016 pelo site catarse, que superou a meta em 50% e conseguiu arrecadar 46 mil reais.
Este ano, o projeto se transformou em empresa, a marca Herself, de calcinhas menstruais, peças reutilizáveis que absorvem a menstruação.
A marca já tem como carro chefe dois modelos sustentáveis que possuem 3 camadas de tecidos antimicrobianos e impermeáveis.
Elas impedem o vazamento e a proliferação de bactérias e são mais confortáveis que os absorventes convencionais.
Pesquisa
“Entramos em contato com algumas mulheres para entender incômodos e como elas vivem a menstruação no dia a dia, e percebemos que havia uma busca por novas soluções nessa área.
As mulheres não estavam satisfeitas com os absorventes, mas por comodismo e falta de opções, acabavam recorrendo a eles”, disse Raíssa.
A ideia surgiu enquanto as colegas participavam de um curso de capacitação sobre negócios socio-ambientais e decidiram estudar soluções sustentáveis para o mercado cosmético que reduzissem o uso de descartáveis.
Com a repercussão nas redes sociais sobre a experiência positiva da nutricionista e apresentadora Bela Gil -que passou a utilizar uma calcinha menstrual importada dos Estados Unidos – as meninas perceberam que havia um forte sinal para esse nicho no Brasil.
Além disso, nos questionários que elas fizeram com o público-alvo, muitas mulheres relataram dificuldade em utilizar os coletores menstruais – coletores de silicone de uso interno – outro método reutilizável que tem ganhado popularidade.
As calcinhas viriam como uma alternativa para essas mulheres.
Outras marcas
Em outros países já existem algumas marcas fabricantes de calcinhas menstruais impermeáveis.
A marca Pantys chegou no país este ano e a Thinx, marca usada por Bela Gil, é vendida nos Estados Unidos.
Lançamento
Por enquanto, as três estudantes estão distribuindo as novas calcinhas como recompensa àquelas que contribuíram com o financiamento coletivo.
Em dezembro deste ano, a marca lançará um site para a venda das calcinhas para o público geral.
A fabricação 100% brasileira é algo que as jovens pensaram em fazer desde o início do projeto, pela mão de obra e pela necessidade de adaptar o produto ao nosso clima.
“Compramos os produtos do exterior para conhecê-los, mas lá fora o corte das calcinhas é mais largo e tem a cintura mais baixa e o corpo, das estrangeiras, também é diferente.
Pelo clima tropical do Brasil, a calcinha tinha que ser mais fininha e leve”, explicou Raíssa.