O vídeo de uma onça-pintada atropelada circulou nas redes sociais nesse final de semana em Juína. O animal, possivelmente macho, teria sido atropelado por algum veículo no momento em que atravessava a MT-170, nas proximidades do Posto Paineira, distante 98 km de Juína, cidade de Mato Grosso a 240 km de Vilhena.
Populares que passaram no local encontraram o animal morto e gravaram o vídeo lamentando a morte da onça. De acordo com a WWF, o felino está presente em quase todos os biomas brasileiros, não sendo encontrado apenas nos Pampas, onde já foi extinto. Restam aproximadamente 300 onças-pintadas na Mata-Atlântica, o que representa risco iminente de desaparecimento do maior felino das Américas em áreas de Mata Atlântica.
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As maiores concentrações populacionais estão na Amazônia e Pantanal, mas isso não quer dizer que o animal está a salvo. Recentemente foram descobertos verdadeiros grupos de extermínio de onças atuando nestes biomas. Um dos grupos teria matado mais de mil onças na Amazônia. Além disso, as recentes queimadas nessas regiões têm afetado diretamente a biodiversidade local e a qualidade dos ecossistemas.
O atual cenário preocupa especialistas, segundo a Aliança Onça-Pintada (rede colaborativa de instituições criada em 2014 para ampliar ações de pesquisa e conservação da espécie na Amazônia brasileira), o número estimado de onças-pintadas afetadas pelas recentes queimadas em todo o bioma amazônico varia entre 400 e 1500 indivíduos. Essas estimativas consideram o número médio de 2,5 a 5 indivíduos a cada 100km2 de área na Amazônia.
No Pantanal, as queimadas atingiram o refúgio Caiman, considerado um refúgio de onças-pintadas no Brasil. No total, a fazenda que registra 146 onças, tem 52 mil hectares, dos quais 40 mil foram destruídos. As onças monitoradas conseguiram escapar, mas podem ter dificuldades para se alimentar já que outros animais, como tatus, cobras e tamanduás foram encontrados carbonizados. Grandes aves pantaneiras, como o tuiuiú, também sofrem com a falta de alimentos.
Na Amazônia, se as queimadas atingissem áreas protegidas como as reservas de desenvolvimento sustentável Mamirauá e Amanã, onde estudos apontam uma densidade de cerca de 10 animais por 100km2, as perdas seriam bem maiores.
A perda de abrigo e de hábitat é apenas o efeito imediato após a passagem do fogo. A quebra do equilíbrio da floresta afeta plantas e inúmeras espécies de animais. A frutificação das plantas é alterada, havendo menos disponibilidade de alimentos a longo prazo para os mamíferos menores, como queixadas, caititus, veados, cutias, preguiças e macacos. Essas são presas naturais da onça-pintada, que acaba sendo também afetada por este efeito por estar no topo da cadeia alimentar.
Fonte Folha do Sul On Line