A Divisão de Repressão a Sequestros da Polícia Civil do DF elucidou um crime bárbaro nesta quarta-feira (30/1). Um homem matou uma médica do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e, por dois meses, se passou por ela, mantendo contato com a família pelo WhatsApp, dizendo que estava internada em uma clínica de repouso. No período, movimentou a conta bancária da servidora, que recebia salário mensal de R$ 17 mil.
O sumiço da servidora, num primeiro momento, não causou surpresa porque ela já havia sido internada anteriormente para tratar de depressão. No Portal da Transparência, o último pagamento informado em nome dela foi feito em novembro do ano passado.
Segundo a PCDF, Gabriela Rebelo Cunha foi morta no dia 24 de outubro do ano passado pelo seu motorista particular. O nome dele ainda não foi divulgado. Ele teria levado a vítima ao HRT no período da manhã e, por volta de 12h, seguiu com ela até uma agência bancária em Sobradinho para que a mulher fizesse uma transferência.
De acordo com as investigações, no retorno a Taguatinga, ele parou o carro próximo a uma parada de ônibus alegando que estava ouvindo um barulho na roda. Nesse momento, um comparsa teria entrado no veículo e simulado um assalto.
Chegando a uma estrada de chão, próximo a Brazlândia, a médica foi morta por enforcamento e o corpo foi deixado no local. Durante dois meses, o acusado manteve contato com a família, fazendo-se passar por ela.
A PCDF informou que ele enviava mensagens levando os familiares a crer que a vítima estaria internada em uma clínica para tratar de problemas pessoais e retornaria no Natal. Como ela não apareceu, os parentes registraram ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga), que começou a investigar o caso.
Após a prisão, o autor levou os policiais até o local do crime. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) constatou, por meio de análise comparativa de documentação odontológica, que o cadáver encontrado tratava-se de Gabriela.
Nas diligências, os policiais encontraram na residência do autor inúmeros objetos da casa da vítima, cartões bancários e dois veículos da médica.
A cirurgiã, que era diretora do HRT, era considerada uma servidora de pulso firme. Colegas relatam que, embora tivesse a personalidade exigente, era meiga e querida pela equipe da unidade. Filha de general do Exército, a médica era divorciada e tinha um casal de irmãos.
O mais novo é policial civil em Minas Gerais e foi um dos principais auxiliares na investigação da morte de Gabriela.
O assassino confesso é filho da empregada da família, que acabou adoecendo. Para manter a renda, o filho chamado Rafael assumiu a vaga da mãe. Desde então, passou a ganhar a confiança da médica para resolver, inclusive, problemas pessoais e bancários.
Para a investigação do crime, a Polícia Civil do DF periciou inúmeros aparelhos celulares com quem o telefone da vítima manteve contato. Muitos desses momentos era o próprio assassino que se passava pela médica. Segundo relatos de testemunhas, a roupa encontrada na ossada da vítima foi a mesma usada por ela no último dia que foi vista no trabalho, ainda em outubro de 2018.
Médica com vasta experiência em gestão pública, Gabriela chegou a estudar no Canadá. Em Brasília, foi gestora de conhecidas unidades particulares de saúde, incluindo o Hospital Santa Lúcia. A médica deixa uma filha de 8 anos.