Em três anos, o Hospital de Câncer de Barretos (SP) vai submeter 27 mil mulheres a um teste genético que promete ser mais eficaz que o papanicolau na prevenção do câncer de colo de útero.
O objetivo é comprovar a eficiência de um exame que reconhece o DNA do papiloma vírus humano, o HPV, apontado como a principal causa do tumor, o terceiro que mais atinge mulheres no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O exame molecular é conhecido no meio médico, mas ainda não é aplicado em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS).
"O importante é fazer a detecção das lesões precursoras, em que se consegue depois de um simples tratamento evitar que essas mulheres desenvolvam o câncer depois de 10, 15 anos de evolução", afirma o ginecologista oncológico Júlio César Possati Resende.
Responsável pela pesquisa, Resende afirma que, enquanto papanicolau consegue detectar 60% das lesões causadas pelo HPV, no exame molecular a eficácia é de até 90%.
Até agora, 5,5 mil mulheres foram submetidas ao teste, entre elas a auxiliar de limpeza Renata Cristina Luiz. Foi através do exame que ela descobriu uma lesão suspeita no útero e iniciou o tratamento de prevenção.
"Descobri que poderia virar um câncer, daqui uns dez anos o médico disse que poderia virar um câncer. Vou tratar antes e o médico disse que eu tratando já estou bem. Valeu a pena eu ter feito isso. Estou muito feliz", disse.
Além de reduzir a possibilidade de erro humano, o método molecular também reduz a frequência de exames a que a paciente, em caso de resultado negativo, precisa ser submetida, segundo Resende.
"Quando você utiliza os testes genéticos de HPV, tem a possibilidade de espaçar a realização dos exames. Diferentemente do papanicolau, onde a mulher precisa ser testada todos os anos, com o teste genético você pode fazer um teste a cada três ou cinco anos", afirma.
A expectativa, de acordo com o coordenador da pesquisa, é de que no futuro o teste genético se torne padrão no SUS.
"É isso que nós pretendemos ao final da pesquisa. Nós vamos avaliar a questão de custo e efetividade e avaliar o impacto orçamentário que isso pode ter caso ele seja implementado pelo Ministério da Saúde", conclui.