A Polícia Civil vai usar um vídeo gravado pela adolescente de 17 anos, que morreu em acidente de avião em Bragança Paulista, para apurar a responsabilidade pelo óbito. A vítima ficou um mês internada e faleceu na madrugada desta quarta (25). O piloto da aeronave disse à polícia que socorreu a acompanhante antes do avião pegar fogo.
O acidente foi dia 25 de março, quando o avião em que os dois estavam atingiu um cabo de tensão e caiu. Karoline Romero teve 80% do corpo queimado. O piloto, Lucas Bonveti, teve ferimentos leves.
As imagens divulgadas pelo advogado da vítima, Julio Tambashia, teriam sido feitas no dia do voo que terminou de maneira trágica. O vídeo estava no celular da adolescente e foi entregue à polícia.
A gravação mostra que a aeronave sobrevoava uma represa e, em alguns momentos, o piloto faz manobras próximas da água. Karoline e Lucas não aparecem nas imagens.
O material foi anexado ao inquérito aberto pela Polícia Civil para apurar o acidente. O caso foi registrado, inicialmente, como homicídio culposo – quando não há a intenção de matar. O que a polícia investiga é se houve imperícia do piloto no momento do voo ou se ele foi negligente no momento do socorro.
Em depoimento à polícia, na última semana, o piloto afirmou que socorreu a vítima e a deixou cerca de dez metros distante da aeronave. Depois, ele saiu para buscar socorro. Ao retornar, o avião havia sido consumido por chamas e atingido a vítima. “Queremos entender se ele socorreu ela como diz, porque ela se queimou, mas ele não ficou ferido. Queremos entender também se houve uma falha dele durante o voo que possa ter causado o acidente e levado à morte da adolescente. Estamos aguardando o laudo do local do acidente e outras testemunhas para prestarem depoimento”, explicou o delegado responsável pelo caso, Sandro Montanari.
A família de Karoline contesta a versão do piloto. De acordo com Tambaschia, advogado do pai da adolescente, quando esteve consciente no hospital, a jovem contou que não foi retirada pelo homem do local do acidente. “Queremos que se apure a versão que ele deu à polícia, de que socorreu a adolescente. Ela nos contou que não foi socorrida”, disse o advogado.
Além da apuração da Polícia Civil, o caso segue sendo apurado por órgãos que fiscalizam e regulamentam a aviação civil. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), informou em nota, que a aeronave não tinha documentos que autorizassem o voo. O caso segue sendo apurado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à FAB.
Após o acidente Karoline Romero ficou um mês internada no Hospital Irmãos Penteado em Campinas. De acordo com o advogado da família, no começo desta semana, ela teria apresentado uma quadro de infecção.
A família diz que a adolescente conheceu o piloto nas redes sociais. O homem é de Bragança Paulista. A polícia disse que, no depoimento, o homem contou que os dois se falaram por meses pela internet e, segundo o piloto, o dia do acidente foi a primeira vez que teriam se encontrado pessoalmente.
No boletim de ocorrência do dia do acidente, o registro relata que o piloto teria identificado a adolescente como sua namorada. Apesar disso, o homem negou o relacionamento à polícia.
A defesa de Lucas Bonveti, Oswaldo Zago, foi procurado por telefone e não foi localizado até a publicação desta reportagem.