Mulher de Asa Branca diz que locutor é maltratado em hospital: ‘Vivendo um inferno’

A mulher de Asa Branca, Sandra dos Santos, afirmou neste sábado (28) que pediu autorização para ficar 24 horas ao lado do marido, que está internado na enfermaria do Hospital Vereador José Storopolli, o Vermelhinho, na zona norte de São Paulo.

Ela diz que o locutor de rodeios é maltratado e chegou a ser amarrado pelos enfermeiros da unidade de saúde. “A hora em que eu conseguir, vou mudar de hospital. Já o desamarrei agora, mas ainda vou tirá-lo daqui.”

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, responsável pelo hospital, afirma que o locutor não foi maltratado e disse que foi necessário adotar “contenção mecânica” em alguns momentos para a proteção do próprio paciente.

“O paciente continua internado e apresenta oscilação de quadro neurológico, com momentos de agitação, confusão mental e agressividade e outros momentos de lucidez. Ele está medicado, sendo necessária a associação de contenção mecânica em alguns momentos para sua própria proteção.”

Segundo a Secretaria, o objetivo da contenção mecânica, associada à contenção medicamentosa (sedação), é a proteção do paciente –tanto para evitar queda quanto para evitar perda de seus acessos (cateter de oxigênio, sondas, cateter venoso), ou que o paciente acabe por se machucar.

Ainda segundo a nota, Asa Branca está em estado estável, em observação, recebendo os cuidados necessários. A Secretaria informou também que a equipe assistencial prestou todas as orientações e esclarecimentos para Sandra com relação às condutas e medidas terapêuticas tomadas. “Por volta das 18h deste sábado (28), a mesma não apresentava dúvidas com relação ao atendimento prestado”, diz a nota.

Na noite deste sábado (28), porém, em novo contato com, Sandra reafirmou que enfrenta problemas na unidade hospitalar. “Estou vivendo o inferno aqui nesse hospital. Meu marido está grudado em mim, ele não solta da minha roupa, de medo de ficar sozinho aqui e baterem nele”, disse ela, em referência ao atendimento prestado pelos enfermeiros na unidade.

Asa Branca, 57, foi internado na madrugada desta sexta-feira (27) na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital após sentir falta de ar em casa. Neste sábado (28), ele foi transferido para a enfermaria.

O locutor havia recebido Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) no último dia 22. Portador do vírus HIV, o locutor foi diagnosticado com câncer na mandíbula e está com tumores em vários pontos da garganta e da boca.


Logo após receber alta antes do Natal, Sandra dos Santos havia afirmado que o marido não estava reclamando de dor. Ela disse que Asa Branca passava a maior parte do tempo dormindo e acordava apenas para tomar medicação ou quando a alimentação e água eram colocados via sonda.

Antes da alta hospitalar no dia 19 de dezembro, a mulher do locutor havia afirmado que os médicos deram ao locutor mais um mês de vida. “O estado é grave. Os médicos dizem que não têm mais o que fazer, que agora é só esperar a vontade de Deus. Milagres acontecem e eu tenho esperança ainda. Mas estamos vendo que é complicado”, disse Santos, à época.

ÍCONE DOS RODEIOS

Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos foi milionário e um ícone no mundo dos rodeios por criar um novo estilo de narração. Ele já chegou a ganhar R$ 1 milhão em um único mês, morava nos Jardins, usava helicópteros e aviões fretados como meio de transporte.

Após abusar de uma vida de luxo, sexo e drogas, ele perdeu, ao menos, R$ 10 milhões. Portador do vírus da Aids desde 1999, o locutor, que apresentava os principais rodeios país afora, era figura fácil em programas de TV. Quase morreu em 2013, após contrair uma doença transmitida por pombos e meningite. Ele tentou retomar a carreira depois disso, mas a doença foi se agravando.

A carreira de Asa Branca foi meteórica. Virou locutor por acaso em 1985, quando o narrador oficial brigou com a direção de uma festa. Tinha sido eliminado do rodeio no primeiro dia e perdido o gosto pela atividade após ser pisado por um touro em 1984. O pisão lhe rendeu uma cirurgia no peito.

Tomou gosto pela narração e resolveu se aperfeiçoar. Foi limpar cocheiras no Texas, onde acontecem alguns dos principais eventos da área nos EUA, e conheceu uma tecnologia avançada à época: microfone sem fio.

Fonte Folha de São Paulo