Após uma visita Lar dos Idosos Maria Teresa Da Lamarta, em Vilhena, com estudantes de psicologia, o ex-vereador Anísio Ruas descobriu que, no local, há um morador que chama a atenção por um talento: José Dionízio da Silva, de 73 anos, emociona os demais ao entoar as canções mais conhecidas da música sertaneja.
Com Anísio no violão, José Dionízio surpreendeu os presentes, ao dar uma “palhinha” na apresentação dos visitantes ao local. Ao ser divulgado o vídeo em que o aposentado canta a lendária canção “Chico Mineiro”, imortalizada nas vozes de Tonico & Tinoco e Sérgio Reis, o Folha do Sul Online procurou para saber um pouco mais sobre sua história.
Com a voz fraca, pois se recupera de uns dias em que sua saúde estava balançada, fato que o impediu de ir a um programa de televisão local se apresentar com Anísio, José Dionízio contou que passado teve uma dupla sertaneja com um amigo: Canário e Curió.
O tempo, ele não soube detalhar, mas, acredita ser há mais de 30 anos. O entrevistado sabe, inclusive, tocar violão e já deu aulas do instrumento, mas, hoje, os dedos da mão esquerda tiveram um problema de nervos e não mais se flexionam. A voz também já não é mais tão forte.
A gente não tem a voz que tinha, o fôlego encurtou. Eu tinha capacidade para cantar sem respirar. Meu fôlego agora caiu, encurtou”, disse. Ele ainda completa que “é assim que funciona a vida, a idade avançando…”.
Hoje, o velho artista está na cadeira de rodas, pois teve um acidente a cavalo na estrada que liga Vilhena a Colorado do Oeste, ainda na década de 1990. Quando voltava para a cidade vizinha, onde morava, o cavalo que o levava o derrubou e com isso machucou sua coluna e cabeça. Natural do Estado de São Paulo, ele chegou a Rondônia na década de 1980. Lá, ficou sua ex-esposa e dois filhos.
Desde então, Dionízio não voltou mais à sua cidade de origem, mas, recentemente foi surpreendido por um oficial de justiça, que foi ao Lar, onde ele mora há aproximadamente um ano, para que assinasse o pedido de divórcio. Sobre sua nova morada, o idoso conta que o local foi indicado por um amigo de Colorado do Oeste.
Dionízio relata ter procurado a casa de repouso porque se sentia sozinho, e agora tem companhia e os cuidados necessários para um senhor de sua idade e com as necessidades que ele tem. Questionado sobre seus filhos, e sobre o contato, ele disse que há cerca de três anos não consegue mais falar com a família. Mas, não vê sua família desde a época em que veio embora. “Acabou o contato, porque os números que eu ligava não estão pegando mais. Vai ter que ‘computar’”, disse, referindo-se ao ato de procurar pessoas na internet.
André e Suzana, até onde o pai sabia, moravam em Indaiatuba, interior de São Paulo. “Eles nem estão sabendo que eu estou aqui, porque antes eu era forte, fazia tudo, eu mesmo cozinhava, fazia compras, agora tem que pegar tudo feito. Aqui pra mim tá bom”, comentou, e disse também que tem tudo em mãos no Lar dos Idosos, e também fica tranquilo por haver no local uma enfermaria. José Dionízio relembrou que seus pais já são falecidos e ele tem mais dois irmãos e uma irmã.
Já o irmão caçula foi morto após se envolver com más companhias depois do falecimento de seu pai. “Foi encontrado o corpo dentro de uma casa velha, abandonada, deitado em cima de uma tábua, nu. E eu aqui tive um sonho com ele, e perguntei pro meu irmão mais velho do Tinho e ele disse que o Tinho sumiu. Eu mandei ele falar a verdade, porque eu sonhei”, relembrou. O aposentado ressalta a importância de encontrar seus familiares, que moram em São Paulo, e a esperança é que após sua história se tornar pública, ela alcance seus filhos ou irmãos e o contato seja retomado. “Por enquanto, vou ficar por aqui descansando”, finalizou.
Fonte Folha do Sul On Line