Sesau diz que Rondônia tem 8 variantes do Coronavírus; crescem os infectados na mesma família

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), vem identificando o perfil de pacientes internados na Rede Pública de Saúde direcionada ao tratamento de pessoas infectados com o novo coronavírus. O levantamento, feito às vésperas de completar um ano de pandemia da Covid-19, mostra que Rondônia já tem pelo menos oito variantes do vírus, tendo em vista que a doença se tornou mais grave com a contaminação de vários membros da mesma família.

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Os dados vem preocupando os profissionais da área da Saúde, visto que os hospitais se encontram lotados e o número de pessoas contaminadas inseridas na mesma família vem crescendo. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, dados do Hospital de Campanha de Rondônia, em Porto Velho, apontam que pelo menos 30% dos pacientes que estão na unidade nesta nova fase da pandemia possuem parentes próximos na mesma situação, ou que já contraíram a Covid-19. Os índices deste padrão, de acordo com o relatório, começaram a aumentar a partir de dezembro de 2020. O perfil-padrão dos infectados também mudou. Segundo estatísticas da unidade hospitalar, enquanto no início da pandemia os idosos eram os mais suscetíveis à doença, agora adultos e jovens engrossam a lista de pacientes infectados.

A diretora assistencial do Hospital de Campanha, Mariana Aguiar, acredita que esta contaminação familiar acontece na convivência doméstica. Ela explica que, no lar é onde as pessoas acabam se sentindo mais confortáveis e consequentemente deixam de lado os cuidados sanitários que evitam a proliferação do vírus. A profissional de saúde reitera que mesmo cansadas da pandemia, as pessoas precisam continuar mantendo os cuidados básicos até mesmo dentro de casa, lavando constantemente as mãos, trocando as roupas utilizadas na rua e evitando o contato físico. “Às vezes é inevitável estar com pessoas por conta do trabalho, mercado, etc. Mas é possível manter uma distância mínima de segurança de pelo menos um metro. Não podemos baixar a guarda agora”, explica a diretora.

A família Teles foi uma das inúmeras que passaram por este drama. As duas idosas da família, a professora aposentada Benelinda Teles Rabelo e sua irmã, Maria Cavalcante Teles Pinto contraíram a doença. Maria Cavalcante, faleceu depois de passar cinco dias internada em Porto Velho. Apesar de morarem em municípios diferentes, o elo de contaminação foi o filho de Benelinda. Ela mora em Teixeirópolis, já Paulo Sérgio Teles Rabelo, 58 anos, mora na Capital, mas estava passando uma temporada na casa da mãe para lhe fazer companhia. O autônomo veio à cidade e visitou a tia (que também é sua sogra) que estava com Covid-19. Em seguida, retornou para Teixeirópolis, a casa da mãe.

Paulo relatou que já saiu de Porto Velho sentido um incômodo na garganta, mas não suspeitou que poderia estar com a Covid-19. Ele obteve o diagnóstico quando procurou a rede de Saúde em Teixeirópolis devido a uma fraqueza intensa. No mesmo momento, descobriu que a falta de ar que também sentia era fruto do ataque do coronavírus aos seus pulmões. Ele já estava com 25% dos órgãos comprometidos.

Sua mãe, Benelinda, apresentava sintomas leves no início. “Em questão de dois dias sentimos o agravamento. Fomos ao hospital e descobrimos que nós dois estávamos com 50% dos pulmões comprometidos”, relembra o autônomo.


Mãe e filho foram orientados a procurar um município em que houvesse maior assistência médica e então ambos decidiram vir para Porto Velho. “Vim dirigindo até aqui sem parar um instante sequer, porque se parasse, eu não conseguiria mais forças para chegar”, conta Paulo, que ficou na casa da filha onde residem mais dez pessoas, no mesmo terreno. Na casa da filha, Paulo teve dificuldade para subir as escadas na parte superior do imóvel. “Para subir deu um trabalho danado. Aí percebi que essa doença é que tem o poder sobre a gente”, conta.

Benelinda e Paulo ficaram internados no Hospital de Campanha. O filho passou quatro dias e a mãe 24 horas a mais. Mesmo sem a possibilidade de transmitir o vírus, Paulo ainda sente falta de ar e tem uma tosse seca constante. “Agora tenho que continuar o tratamento pós-Covid para melhorar”, explica ele.

A mãe, Benelinda, ainda faz repouso e tenta se recuperar. Ela não sabe da morte da irmã, pois o trauma que a doença lhe causou ainda é forte e se manifesta por meio de tremedeiras. Grato aos profissionais de saúde, pelo tratamento que recebeu, Paulo disse que o atendimento da Rede Pública foi o diferencial para a sobrevivência dele e da mãe. “Minha sogra tinha plano de saúde e procurou um hospital particular quando sentiu os sintomas. O primeiro diagnóstico que recebeu foi pneumonia viral. Mandaram ela para casa”, relembra.

A família acompanhou todo drama de Maria, que chegou a ficar com mais de 50% dos pulmões comprometidos. Quando retornou à unidade de saúde particular, precisou ser entubada e não resistiu. “Essa doença é terrível. Meu tratamento desde o início foi feito na rede pública e sempre me atenderam muito bem. Foi o que fez a diferença entre a vida e a morte”, pondera.

O caso da família Teles não teve consequências ainda maiores, porque os membros têm se preocupado bastante com os cuidados sanitários. “Em todas as nossas casas, tratamos o assunto com seriedade e temos seguido à risca as orientações de segurança”, arrematou Paulo.