Uma pesquisa feita pela da Universidade de São Paulo (USP) está desenvolvendo uma forma mais barata e prática de detectar câncer de próstata. O estudo conseguiu identificar pacientes com câncer de próstata a partir do exame de amostras de urina. Além do diagnóstico, não invasivo, o procedimento possibilitou a análise da agressividade do tumor. O trabalho, publicado na revista científica Proteomics and Systems Biology, está em fase de financiamento e validação.
A pesquisa foi conduzida pelo Laboratório de Investigação Médica da Disciplina de Urologia (LIM 55), da Faculdade de Medicina (FM), em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. Kátia Leite, professora da FM e chefe do LIM 55, afirmou ao jornal da universidade que já existem testes semelhantes disponíveis comercialmente, porém eles são mais complexos e protegidos por patentes — o que torna o custo alto e a disponibilidade.
Atualmente, os dois principais modos de analisar a suspeita do câncer são o toque retal, que busca identificar uma zona de endurecimento na próstata relacionada à presença da doença, e o exame dos níveis de Antígeno Prostático Específico (PSA) no sangue. “Apesar de menos invasivo, este último não elimina a necessidade da biópsia”, explicou a professora.
O PSA não é um marcador específico do câncer de próstata, pois também pode aumentar na presença de outras doenças, como hiperplasia prostática benigna e na prostatite. “O que precisamos é de melhores indicadores para fazer uma biópsia de maneira segura e em um número menor de pacientes”, resumiu Kátia Leite.
Como foi feita a pesquisa
O estudo começou em 2014, a partir de um projeto para identificar marcadores genéticos para prognóstico e diagnóstico do câncer de próstata. Em um primeiro momento, o trabalho foi feito com pacientes que já tinham suspeita de câncer e, por isso, tinham indicação de biópsia para diagnóstico definitivo.
A equipe coletou fragmentos de biópsias e amostras de urina dos pacientes para a realização de análises moleculares. A urina foi usada para sequenciamento genético de proteínas envolvidas nos processos bioquímicos relacionados ao desenvolvimento de um tumor.
O estudo foi realizado com 12 pacientes, sendo seis com a doença e os outros seis com hiperplasia benigna. Os resultados indicaram que um painel de 56 glicoproteínas (tipo de proteína ligado a um carboidrato) nas amostras de urina alcançou uma precisão de 100% no diagnóstico do câncer de próstata.
O câncer de próstata é o tumor que afeta a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra, canal que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. Segundo dados do Ministério da Saúde, este é o tipo de câncer mais frequente entre os homens, depois do de pele, além de ser a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil, com mais de 14 mil óbitos. O órgão estima um risco estimado de 66 casos novos a cada 100 mil homens. (Com informações do jornal da USP)
Fonte Metropoles