Não bastasse estar enfrentando um agressivo câncer no colo do útero, a trabalhadora rural Santana Coelho Viana, de 63 anos, mais de 20 deles morando em Chupinguaia, trava outra batalha dura: sem nenhum documento, a idosa precisa provar que existe também “no papel”.
A história dessa maranhense foi contada pela filha dela, que tem 29 anos e a acompanha há três meses em Porto Velho, onde o diagnóstico de câncer foi confirmado por uma biópsia. Ocorre que o exame não tem validade, pois Santana não existe no mundo burocrático.
LEIA TAMBÉM
RO – Ultrapassagem mal sucedida resulta em grave acidente na BR-364
Em Família: Hilux capota várias vezes na BR-364 e deixa dois mortos
BR-364: Ônibus com destino à Rondônia é destruído pelo fogo
Nascida em Piritoró, no Maranhão, com 10 anos Santana começou a ser abusada por um amigo da família. Ao contar à mãe o que estava sofrendo, ao invés de receber apoio e carinho, foi expulsa de casa e ainda ouviu uma frase que a marca desde então: “eu não vou criar filha puta”.
Após perambular pelo mundo, inclusive dormindo nas ruas, a garota chegou até Guajará-Mirim, que fica na fronteira de Rondônia com a Bolívia. Ali teve o casal de filhos, sendo que o rapaz hoje está com 27 anos. Ambos foram registrados em nome da madrasta pela falta se documentos da mãe biológica.
No início dos anos 2000, Santana resolveu tentar a sorte em Chupinguaia, onde encontrou colocação em fazendas da região. Pela falta de documentos (a Certidão de Batismo ficou em poder da mãe que a expulsou de casa), a agora idosa e doente nunca teve a Carteira de Trabalho assinada em todo esse período.
Neste momento, vendo que a mãe poderá morrer por falta de atendimento médico, a filha tenta tornar “visível” a mulher, que está bastante debilitada pela doença, mas também pelo longo sofrimento físico e psicológico que enfrenta há mais de meio século.
“Eu já registrei um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil para tentar obter os documentos dela, mas está sendo muito difícil e demorado. Peço a Deus para que ela aguente esperar por esses papéis para ser atendida”, diz a filha, emocionada e lutando ao lado da mãe, franzina e resiliente até aqui.
CLIQUE ABAIXO e assista vídeo gravado pelo comunicador William Ferreira da Silva, o “-Homem do Tempo, de Porto Velho, que publicou o drama da “mulher invisível” em sua página no Facebook.
fonte folha do sul on line