Familiares de Júlio César Sales Soeiro, o brasileiro voluntário que foi morto por um míssil na guerra na Ucrânia, relataram que ainda aguardam orientações do Itamaraty sobre quais procedimentos segui após a morte do jovem. Uma das principais dúvidas da família é quanto ao corpo de Júlio.
“Não sobrou nada do meu irmão. Eu não sei nem o que eu faço, tô tão abalada, desesperada. Ele não volta mais, não vou poder velar ele”, contou a irmã, Juliana Sales.
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Segundo Juliana, as informações que a família recebeu até o momento sobre o que aconteceu foram repassadas por outros brasileiros que estão na guerra e que nenhum comunicado oficial foi feito por parte do Exército Ucraniano ou Itamaraty.
“O amigo dele disse que saiu o pelotão para tentar resgatar os corpos e ele disse que o corpo de César não existe. Ele [o amigo] falou assim: ‘eu tava uns 150 metros de distância, mas quando eu vi o míssil e gritei ele já não existia mais’”,
Em nota, na última semana, o Itamaraty confirmou ao g1 que tem conhecimento do caso e “tem prestado assistência consular aos familiares”. O g1 questionou novamente ao Ministério das Relações Exteriores se a família foi oficialmente comunicada, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
Sonho de infância
Júlio César morava em Machadinho D’Oeste (RO) e decidiu ser voluntário na guerra há mais de sete meses. Segundo a irmã, ele tinha um sonho de ser soldado e “herói de guerra”. Ele tentou de diversas formas entrar no Exército Brasileiro, mas não conseguiu, então decidiu tentar a carreira fora do país.
“Ele soube que era mais fácil entrar no exército francês. Nós ajudamos ele, compramos o passaporte, ele foi pra França. Ele ficou uns dias lá, não entrou [no Exército] e arrumou um serviço e ficou por lá. Na França ele ficou sabendo da guerra e que eles estavam aceitando brasileiros como voluntários”, contou.
A família diz que foi contra o alistamento de Júlio na guerra e pediu para que ele voltasse para o Brasil, mas ele decidiu ficar. O jovem permaneceu por mais de um ano servindo ao Exército Ucraniano, antes de ser morto por um míssil durante uma missão em uma cidade conhecida como Adviivka.
“Ele foi resgatar um amigo dele que tava caído e o míssil atingiu ele. Ele queria ser herói de guerra e ele foi”, conta a irmã.
Fonte: g1 rondonia