Prisão injusta de funcionário por 251 dias constrange Huawei na China

Li Hongyuan, que trabalhou na Huawei por 13 anos, foi detido em janeiro. A Huawei afirmava que ele havia tentado chantageá-la.

Hongyuan foi libertado em agosto, após os promotores concluírem que não havia provas suficientes da acusação. O governo chinês o indenizou em 107.522 yuanes (R$ 63,9 mil).

Antes de deixar a Huawei, em março de 2018, Hongyuan afirma ter negociado as condições de sua saída da empresa.

Dois meses depois, um funcionário da Huawei depositou 304.742 yuanes (R$ 181 mil) na conta bancária pessoal de Hongyuan. Ele disse à imprensa chinesa que tinha recebido este valor por um bônus de final de ano que lhe havia sido prometido.

A Huawei o denunciou à polícia, alegando que a transferência de dinheiro havia sido feita em resposta a uma suposta tentativa de extorquir a empresa.

Hongyuan foi detido em dezembro de 2018 e foi mandado para a prisão em janeiro. Ele foi libertado 251 dias depois. Seus advogados afirmaram à emissora CNN que seu cliente nunca foi processado e recebeu uma indenização do governo.


Empresa diz que tinha dever de fazer a denúncia

Em comunicado à BBC News, a Huawei disse respeitar a decisão, mas reafirmou que tinha o dever de “reportar” suas conclusões às autoridades.

“Nós respeitamos a independência e a autoridade do processo de justiça criminal para examinar e fazer um julgamento legal e correto”, disse a companhia das telecomunicações.

“Se alguém acredita que sofreu danos ou teve seus direitos legais violados, a Huawei defende totalmente seu direito de buscar os tribunais.”

O caso gerou indignação na China. Hongyuan recebeu apoio de muitos usuários da rede social Weibo.

Em uma carta aberta endereçada ao fundador da Huawei, Ren Zhengfei, o ex-funcionário se desculpou por causar um escândalo. “Não era minha intenção causar tanto alarde na internet, e lamento por isso”, disse ele.

“Mas não me arrependo da minha escolha de falar a verdade. Sempre há um custo envolvido em ser honesto.”